Até que enfim!
A história é a seguinte, de uns tempos pra cá, estou acompanhando as notas que dizem que "pesquisas indicam que, mesmo que acabem as fábricas de cds piratas, os consumidores vão continuar não comprando cds porque os preços são irreais". Da última vez que li isso, era uma pesquisa da própria ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos).
Como bem lembrou esse moço, que inclusive escreveu um post FODA sobre como a Mtv não é mais a mesma (tá tudo dentro do assunto, gente!), esses preços absurdos aqui no Brasil servem principalmente para acompanhar os preços lá de fora - senão a indústria de discos norte-americana iria pras cucuias com as importações que todo mundo faria, com os cds aqui custando um terço do preço de lá.
Pois bem, a indústria fonográfica nacional está indo pras cucuias, as vendas de cds estão caindo vertiginosamente (cair vertiginosamente é da mesma família da esmagadora maioria, notou?), não é de hoje que funcionários são mais demitidos do que contratados e bandas excelentes ficam no limbo enquanto a preferência é dada a quem tem o melhor plano de marketing - em vez de primar pela qualidade do produto, prima-se pelo descartável, pela tática do "você compra, joga fora, e isso te obriga a comprar outro depois". Pra completar, nossas gravadoras estão amarradas às ações burras de suas matrizes - tirando, é claro, a Trama, que se auto-sustenta e cresce cada vez mais. E com um precinho, ó.. razoável.
Pois bem: a Universal Music gringa acaba de anunciar um corte absurdo nos preços dos cds deles (isso lá fora). Algo em torno de 16 dólares, o que levaria um cd lançamento a custar uns 8 dólares, o que é um preço razoável. Isso, no intuito de levar os consumidores de volta para as lojas. De fato, mesmo nós que temos banda larga, se pudermos comprar cds a preços justos, garanto que vamos preferir o bicho prontinho com encarte e capa original, em vez de passar a madrugada no Soulseek baixando faixas mal-encodadas, com nomes errados e conexões instáveis.
A notícia está aqui, direto do site da Universal Music. Eles divulgaram o grande corte de preços, a princípio, nos lançamentos e nos nomes de sucesso do catálogo - que, na verdade, é onde eles mais lucram - o lucro certamente não está no selo que apenas se aproveita da estrutura da gravadora apenas para lançar o cd, mas tem que se virar com a distribuição e vende seus cds a preço de custo diretamente para seu público alvo.
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As pessoas sempre culpam o que não conhecem. A culpa não é do mp3, como não foi da fita cassete, como as pessoas não deixaram de prestigiar artistas ao vivo com a invenção do fonógrafo nem de ouvir rádio com a invenção da televisão. A verdade é que estamos no século XXI e a indústria ainda não abandonou o hábito 'século XX' de temer as novas mídias.
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Minha opinião? Espero sinceramente que a) essa política de preços estimule a concorrência lá fora e todo mundo baixe a margem de lucro individual pra voltar a lucrar com volume de vendas; b) que isso seja adotado no Brasil também, e logo; e c) que algum diretor de gravadora esteja lendo isso aqui e me contrate para seu departamento de marketing estratégico - porque estou falando isso há anos, desde os indícios dessa crise, desde antes da minha monografia (sobre o assunto, lógico), e é muito chato ver que alguém vai se dar bem com uma solução que você, que ainda não garantiu seu lugar nesse mercado, já sabia que era ideal há muito tempo (aceito contratos para palestrar sobre o assunto). ;)
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