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quarta-feira, outubro 01, 2003

Hoje se fala muito em nerd. É nerd pra cá, nerd pra lá, se o cara é expert em tecnologias, é nerd; se é expert em seriado de tevê, é nerd; se joga RPG, é nerd. O que a gente esquece é que boa parte dos nerds de hoje, antes da popularização do termo, eram denominados CDF's.
CDF era o sujeito que tirava as notas altas, o estudioso da turma. Mais: tinha esse nome porque vinha da abreviação de cu-de-ferro, mais especificamente "o sujeito que passa o dia sentado, estudando".
Pois, nesse sentido, o termo CDF também pode ser aplicado a pessoas que encaram três filmes do Orson Welles seguidos (sendo dois deles adaptações de William Shakespeare), e só não encaram cinco de uma vez porque têm mais o que fazer da vida. Embora poltronas de cinema sejam, em geral, acolchoadas, foram não apenas seis horas seguidas (com dois pequenos intervalos de mais ou menos quinze minutos) de filmes como seis horas seguidas de Orson Welles. Entenda a gravidade da coisa: Welles era considerado um 'visionário' - e 'visionário', na minha terra, tem outro nome (com um significado bem perto de lunático, ainda mais se levarmos em conta que o sujeito tinha planos muito maiores do que seus orçamentos, que lá pelas tantas começaram a estourar antes do fim dos filmes). Definitivamente, assistir a três Orson Welles seguidos não se compara (em termos de CDFzice, que fique claro) a maratonas de cinema com eventos paralelos, filmes variados ou trilogias hypadas, uma vez que eventos sociais e filmes de ação e edição frenética tornam as horas com a bunda na cadeira muito mais agradáveis.
Então, embora eu goste de Orson Welles com tudo de bom e de ruim que seus filmes têm (embora tenha visto poucos), sinto que minha alma agora está purificada (certamente deve estar valendo mais do que as míseras 24.290 libras da primeira cotação - e a SUA alma, quanto vale?) e que paguei meus pecados até os 45 anos de idade - quando talvez uma mostra completa de Federico Fellini me salve do inferno quando for chegada a hora do Juízo Final.
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Mais Festival de Cinema - o que os documentos não dizem
Johnny Vang, filme norueguês, tem uma sinopse que diz "triângulo amoroso formado por amigos de infância" - isso seria o suficiente para afastar qualquer pessoa decente do cinema - mas como uma fada me apareceu outro dia e disse "poderás ver o que quiser; não te preocupes com a falta de carteirinha de estudante nem com a falta de grana - em troca, trabalharás sob sol e chuva durante os catorze dias das festividades cinematográficas de teu povo", saí entrando sem me preocupar com o fator "carajo, paguei dez reais por essa merda" - e não me arrependi não. Aliás, até achei bem legal. A sinopse não conta que o protagonista é um fudido, cada vez mais fudido que, não bastasse a crise de comer a mulher do melhor amigo, ainda tem como ocupação um viveiro de minhocas e uma mãe dependente do marido - e ver o sujeito se ferrando cada vez mais chega a ser divertido - e também não conta a solução absurda do roteirista para amenizar o tormento de Jonny. Se a sinopse mal fala do filme, imagina o descaso com a trilha sonora, recheada de rockabillyzinhos e surfs instrumentais.
Filminho independente, talvez fique uma semana no cinema 'alternativo' da sua cidade. Se passar, corra. Vale a pena.
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Mais festival de cinema - grata surpresa
"Confidence", de James Foley, é uma espécie de filme noir de golpistas e gângsteres dos dias de hoje. A sessão não estava programada, passou bem de surpresa, e como eu já estava lá e veria o filme outro dia de qualquer jeito (ah, tem pessoas legais no elenco, horário decente e cinema perto) resolvi pegar essa sessão logo de uma vez. Bem, eu AMO histórias de policiais, golpistas e climas noir - e Dustin Hoffman e Andy Garcia estão excelentes em seus personagens filhos-da-puta: tão bons que você esquece dos atores enquanto vê o filme. Bela fórmula para o espectador se envolver com a história: dois atores tão bons que você não pensa neles, e sim nos personagens, e alguns canastrões desconhecidos, de quem você não tem referências prévias (a única referência que eu tinha da Rachel Weisz era sobre sua região glútea, e sobre o Edward Burns, sua participação em "O Resgate do Soldado Ryan", filme com tanto garotão pintoso que até fica difícil lembrar do rosto do cara).
Surpresas? A Rachel Weisz é os córnios da Ana Paula Arósio (e sua região glútea não aparece), o filme é muito foda, o diretor tem um passado nigérrimo no currículo (nem eu, fã da Madonna, consigo considerar "Quem é essa garota" um filme bom) e tem o Robert Forster, mais conhecido como "o-cara-que-eu-sempre-acho-que-é-o-William-Shatner-mas-não-é".
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Sabe essa história de "mundo pequeno, todo mundo se conhece"?
Tou achando que o responsável pelo departamento de coincidências, acasos e nonsense exagerou dessa vez..

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