http://www.youtube.com/watch?v=6IWv53ZFXFo
Arthur Murray ensinava dança por correspondência nos anos 20. Louco, né? Hoje em dia não parece tão insano assim, visto que DVDs instrucionais proliferam por aí, e até videogames com sensor de movimento podem te ensinar a dançar (com a vantagem de apresentarem feedback imediato, graças à análise do movimento que você mesmo observa se está certo ou não durante todo o processo). Se presta? Ajuda, especialmente a quem JÁ dança e domina as técnicas básicas, mas existem conceitos como transferência de peso e conexão (nas danças a dois) que precisam ser observados e corrigidos. Mas passos simples e solos, por exemplo, podem tranquilamente ser ensinados em vídeo por um bom instrutor, para alguém que já entenda do assunto. Vide o portal idance, que tem video aulas BEM didáticas.
Um branquelo totalmente sem swing, mas que soube inovar e VENDER suas aulas: na falta de espaço pra uma orquestra *e* 150 alunos, botou a banda transmitindo por rádio para os alunos, que estavam no terraço do prédio, curtindo um bailão. Parece besteira, mas em 1920 isso devia ser realmente revolucionário. Murray ainda chegou a ensinar dança VIA RÁDIO. Olha que cousa:
Muito antes dos videocassetes, Murray já havia entrado no negócio dos vídeos instrucionais: olha que linda essa aula de collegiate shag - e que até hoje é copiada por aí e chamada de 'Arthur Murray Shag'!!!
(amgs do lindy hop: que tal incluir um módulo de collegiate shag nas aulas? é divertido, e é ótimo pra dançar com ritmos mais rápidos!)
O próprio Arthur Murray viu seu sistema de ensino por correspondência miar (não era fácil gravar vídeos na época, né? e aula de dança por rádio é um método MUITO duvidoso) e acabou abrindo uma academia. PRESENCIAL. Ainda está curioso sobre Arthur Murray? Adivinha quem pegou a Big Apple coreografadinha pelo semideus da dança Frankie Manning e criou uma moda enlouquecida de Big Apple, ensinando a coreô pra branquelada toda frequentadora de academia? Adivinha:
Aparentemente, Murray era um bom dançarino, ótimo professor, tinha uma super didática e, apesar de ZERO swing, tinha algo que, pra mim, profissional de comunicação, conta DEMAIS: sabia se vender, sabia anunciar seu produto, sabia se divulgar, sabia inovar no seu negócio. Ainda melhor que professor de dança, o cara era um super marketeiro:
Zero swing, gente, tou dizendo.
Claro, inovação nenhuma garante o sucesso permanente se o que você oferece é realmente ruim. Aparentemente, o método de Murray funcionou bem - tanto que a academia continua, com mais de 260 unidades espalhadas pelo mundo. Mas desde 1920, o cara transformou aulas de dança em EVENTOS. Com o slogan "Se você sabe andar, nós podemos te ensinar a dançar", LOTOU sua academia e criou demanda para seus cursos. E, fale mal, mas falem de mim, aparentemente não se incomodou com todas as referências, boas ou ruins, ao seu método. Um "aluno" famoso foi o personagem de Fred Astaire no filme "O céu é o limite", de 1943. Ao ser inquirido pela gatinha onde havia aprendido a dançar, responde NA LATA: "Arthur Murray". Mentira. Mas melhor propaganda não há. Teve a música 'Arthur Murray Taught me Dancing in a Hurry', cantada por Betty Hutton, que abre este post, que não exatamente tece loas ao método - no final das contas, a personagem dança de tudo, mas tudo meio mal - e que foi um sucesso, praticamente uma peça de branded content para a academia de Murray, se a encomenda tivesse sido feita por ele.
Branded Content MESMO era o programa de TV The Arthur Murray Dance Party, que levava grandes nomes da música popular da época para cantar enquanto um corpo de baile dançava ao fundo:
Sam Cooke
Poor old Johnny Ray!
Buddy Holly, gente! Buddy Holly pra juventude branca, rica e frequentadora da alta sociedade
Como nada é marketing completo sem o oferecimento de samples, Arthur e sua parceira Kathryn dançavam ao começo do programa. O espectador que adivinhasse que dança era aquela ganhava uma aula grátis! Ó!!!!!!
Então vamos lá:
1 - um produto/serviço razoável. Não necessariamente o melhor, mas BOM.
2 - inovação. inserção de novas tecnologias. novos modelos de negócios
3 - o novo modelo de negócio não deu certo? tudo bem. volta pro básico! não ter medo de empreender é ótimo
4 - faça propaganda do seu negócio
5 - onde der pra fazer propaganda do seu negócio, faça
6 - ofereça experimentação. se não der pra fazer um milhão de samples, o concurso pra um ganhar já tá valendo
7 - deixe fazerem propaganda do seu negócio. A menos que seja REALMENTE negativa, toda e qualquer maneira de fazer com que te conheçam vale a pena. Deixe te cantarem em versos, como fez Ricky Ricardo, personagem de Desi Arnaz na série "I Love Lucy": Cuban Pete não te ensina a dançar com pressa, señorita!
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