Final dos anos 70, Estados Unidos se metendo onde não eram chamados (por causa de petróleo, sempre), onda antiamericana no Irã e a consequente invasão da embaixada americana naquele país por devotos do Aiatolá Khomeini. Todos os funcionários da embaixada foram sequestrados e feitos reféns, menos um grupo de seis - que conseguiram fugir e se esconderam na casa do embaixador canadense. A história completa é contada neste artigo da Wired.
E é aí que a história fica divertida para nós, nerds. Era possível resgatar pelo menos aqueles seis, e a missão deve ter sido uma das mais bizarras da história: não dava pra dizer que o grupo era de professores, nem de pesquisadores, nem de nada mais convencional - como deportá-los pra casa sem levantar suspeitas? Simples: se não pode ser discreto, coloque holofotes em cima. O ano era 79/80, quando a única coisa que não levantaria suspeitas seria uma equipe canadense produzindo uma ficção científica nos moldes de Guerra nas Estrelas, com locações exóticas (por isso, estariam no Irã). Havia roteiro, desenhos de produção, escritório, produtor (que, na verdade, era o maquiador FX Robert Sidell - o personagem do filme junta uns quatro caras diferentes, Sidell entre eles) e, para dar mais credibilidade à história, nada mais esperto do que fazer uma coletiva de imprensa e cavar matéria na Variety e na Hollywood Reporter. "Argo", um roteiro ruim que ninguém queria comprar, baseado no livro "Lord of light", foi realmente anunciado como "em produção".
(imagem original pescada daqui - tem várias outras em ótima resolução, quem quiser ver clica lá. Marido bateu o olho e reconheceu na hora: "Ei! É o Galactus")
Ok, o filme foi baseado numa história real e você, se tem um alto nível de nerdice, provavelmente já sabe como termina - porque, afinal, o desenhista de produção do filme falso foi ninguém menos que Jack Kirby (pai do Capitão América, Quarteto Fantástico, Surfista Prateado e outros que povoaram seu imaginário de moleque) e é claro que você já conhecia a história e vibrou quando anunciaram que fariam um filme baseado nessa missão da CIA. Ainda assim, vale muito a pena ver "Argo" - a história é emocionante, a reconstituição é excelente, e o filme mostra como nerdice e política internacional têm tudo a ver.
Vá ao cinema, se achar alguma sala onde não esteja passando a última parte de 'Crepúsculo'. Corre. Vai. E valeu, Ben Affleck, por essa.
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